O McDonald’s recentemente virou notícia na Índia — não por adicionar um novo sanduíche ao menu — mas por retirar os tomates de seu menu na maioria de seus restaurantes no norte e leste do país.
Segundo a rede de comida fast food, houve indisponibilidade de tomates de qualidade “devido a problemas sazonais de colheita”.
Especialistas dizem que as más condições climáticas prejudicaram as lavouras, alimentando a escassez no mercado e promovendo um descompasso entre demanda e oferta.
Como resultado disso, o preço do produto subiu vertiginosamente.
Um quilo de tomate é agora vendido a 200 rúpias (R$ 12) em certas partes da Índia, valor superior ao litro da gasolina — uma mudança significativa em relação às habituais 40-50 rúpias.
O aumento do preço tem sido sentido sobretudo pelas classes média e baixa, que constituem a maior parte da população.
Segundo a imprensa local, um vendedor de Pune, no oeste do país, lançou uma balança contra um cliente após uma discussão sobre o preço de 250 gramas de tomate.
Já na cidade mais sagrada da Índia, Varanasi, um empresário contratou dois seguranças para evitar que os consumidores pechinchem os preços do tomate em sua loja.
Também houve relatos de pessoas roubando tomates dos campos e sequestrando caminhões carregados com o produto.
O tomate tem uma influência significativa na culinária indiana — é adicionado a quase todos os pratos. Assim, quando se torna escasso e caro, vira assunto de manchetes e até mesmo alvo de disputas políticas.
O governo disse que os preços em alta são um “problema temporário” e que cairão nos próximos meses.
Alguns Estados começaram a vender tomates a preços reduzidos em lojas administradas por cooperativas de agricultores ou pelo governo para ajudar os consumidores.
Em 30 de junho, o governo indiano lançou uma iniciativa na capital, Delhi com o objetivo de encorajar o público a compartilhar ideias para combater a escalada de preços.
Economistas dizem que o aumento acentuado do preço do tomate pode atrapalhar o delicado equilíbrio macroeconômico do país, levando a inflação no varejo para 5,5% em julho-setembro, ante 4-5% em abril e maio.
Ironicamente, cerca de dois meses atrás, os agricultores na Índia despejaram centenas de caixas de tomate em estradas depois que os preços caíram para 2-3 rúpias o quilo no mercado atacadista, pois a oferta excedeu a demanda.
Mas não foi a primeira vez que eles fizeram isso.
No ano passado, recorreram à mesma estratégia para chamar atenção para o problema.
Já em março deste ano, produtores do Estado de Maharashtra fizeram uma passeata para exigir preços mais altos para as cebolas.
A Índia geralmente tem dificuldade para equilibrar oferta e demanda quando se trata de produtos perecíveis, mas essenciais, como a cebola e o tomate.
Ambas as safras são cultivadas quase o ano todo, e produtos de diferentes Estados chegam ao mercado em meses diferentes.
Neste ano, uma safra abundante de tomate foi seguida por outra ruim.
“A subida atual no preço do tomate é, na verdade, resultado de chuvas fora de época durante março-abril-maio nas áreas de cultivo do produto, particularmente no cinturão de Kolar [no sul do Estado de Karnataka], responsável pela maior parte da produção da fruta no país”, diz Ashok Gulati, economista especializado no mercado agrícola.
“A partir de meados de junho, a oferta caiu, enquanto as pressões de demanda aumentaram, levando a picos nos preços do tomate fresco”, acrescenta.